terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eslovénia





A ideia de poder ir voar à Eslovénia era um plano que já existia há muito tempo na minha cabeça. A oportunidade veio com o convite de um amigo para participar numa prova chamada Serial Cup. A juntar a esta ideia tentadora a prova teria palestras de pilotos com experiências variadas desde recordistas do mundo de voo em distância, a escritores de livros sobre parapente, passando por novos pilotos do PWC. Não houve dúvidas...

Na altura em que a prova foi anunciada era uma novidade dado que apenas iriam participar asas homologadas. Os acontecimentos em Piedrahita vieram ditar que afinal todas as provas virão a ser assim.


O ponto de encontro foi marcado para Veneza e, após algumas peripécias, lá conseguimos conduzir até ao nosso belo apartamento em Gabrje perto de Tolmin.

No primeiro dia subimos para a descolagem no nosso carro e descobrimos que tínhamos de pagar 8€ para podermos descolar. Apesar de caro a descolagem e os acessos são muito bons e o voo foi compensador do dinheiro gasto.



O Matias ofereceu-se como condutor e os restantes fizeram a estreia do local com um pequeno voo de distância pelo vale até Kobarid. Deu para perceber as térmicas residentes e para apreciar as diferentes arestas. As aterragens são inúmeras e existem diversas aterragens oficiais onde se consegue aterrar de avião...






Para terminar o dia subimos até à descolagem acima de Kobarid por um caminho horroroso em que o carro quase não resistiu. Com um desnível de 1000 metros fizemos uma marreca de 18 minutos.

No segundo dia as nuvens e a chuva fizeram-nos rumar a Lubliana para uma visita cultural. A cidade é fantástica com uma vida nocturna muito animada. A cidade tem edifícios muito cuidados e vale a pena uma visita.








No terceiro dia (1º dia de competição) o vento forte não permitiu que houvesse manga. Aproveitámos para fazer umas caminhadas. Por todo o vale existem trilhos fantásticos e para todos os níveis. Visitámos dois deles de curta duração. Ainda nos aventurámos a explorar uma caverna mas íamos ficando lá dentro. O Araujo deixou-nos neste dia para ir trabalhar (onde é que já se viu deixar de ir voar para ir trabalhar...enfim).





Por esta altura as saudades das mulheres já faziam com que o pessoal começasse a achar que a companhia estava a ficar mais bonita...desespero!



Na primeira manga mudámos de local e fomos descolar a Stohl. A manga consistia em andar a fazer zig-zags pela encosta fora e umas idas ao vale para picar as balizas. Com 80 pilotos em prova a encosta ficou super-povoada de pilotos e o difícil era marrecar. Todos os portugueses voaram bem mas fomos muito lentos dado que o nosso tipo de voo em competição é mais de sobrevivência. Enrolámos demais e perdemos demasiado tempo. Chegaram ao golo o Nunes e eu, o Pedro ficou a 200 metros e o António ficou perto. O Carlos atrasou-se de levar o Araujo a Veneza e não conseguiu transporte para cima.




Aprendemos uma lição que fomos pondo em prática ao longo da semana. Não vale a pena enrolar e subir muito neste tipo de encostas, é ir de acelerador e andar rápido. Tudo o que está ao sol bomba. Eu não fiz o start devido a um erro do meu GPS que aprendi a duras penas a compensar nas mangas seguintes. Mais uma lição a aprender: não testar aparelhos em prova - fazer provas em casa primeiro.


A segunda manga foi feita de Kobala e andámos a passear por todo o vale. Eu e o Nunes apostámos em voar mais rápido e correu bem até as nuvens cobrirem todo o vale a manga ser parada devido a uma trovoada. O Pedro estava a chegar ao golo quando pararam.



Nos dois dias seguintes voámos de local devido aos tectos baixos e fomos mais para sul para Lijak. Um local muito bom de escola. Uma encostas com mais de 20 km que tem ao lado duas outras encostas para onde é possivel transitar. Aterragens a perder de vista.
Uma das mangas foi cancelada connosco em voo porque começou a chover. Os eslovenos não se impressionam facilmente com CB´s! Nós nunca abriríamos mangas com tantas nuvens no céu e com tão mau aspecto (eu próprio me questionei o que andava a fazer a voar com aqueles monstros no céu...) mas a qualidade e o detalhe do organizador encarregue da meteo era fantástica o que nos deu muita segurança. Nesse dia foram cerca de 70 pilotos a voar de orelhas a chover...



No ultimo dia em Liak a manga era de 100km e foi um fantástico dia de voo. O voo consistia em fazer algumas balizas ao longo da primeira encosta e depois transitar para uma segunda encosta distante uns 10km com um vale aberto pelo meio. Na parte final tínhamos uma baliza que exigia um planeio de cerca de 14 km com vento de frente. Fizemos bem toda a primeira parte da manga com boas transições. Foi engraçado ver o Nunes sempre a acelerar para acompanhar o resto da malta sem perder tempo a enrolar porque tinha saído baixo do start. Ainda vi um reserva de um piloto que saiu de uma nuvem com uma gravata. Após a última baliza em que subimos à nuvem o planeio final parecia coisa fácil porque íamos a subir numa linha de convergência...excesso de confiança! Apanhámos vento de frente no vale e o resultado foi ficarmos a 700 metros da ultima baliza e a 1,7 km do golo. Mas foi uma excelente manga.



Para terminar em beleza no ultimo dia tivemos excelentes condições. Uma manga de 60k com idas às cristas mais altas. O start foi feito com uma espera de 15 minutos a surfar nuvens junto com os top-pilots por mim e pelo Carlos. Uma paisagem lunar com um refugio de montanha ao nosso lado e no topo de uma crista vertical com mais de 1200 metros. Parti em 4º lugar mas depressa abrandei na barra do acelerador porque a ideia era aproveitar as férias e a falta de idas ao ginásio não permitem andar 2 horas acelerado...





Umas férias fantásticas com excelentes voos. Recomenda-se o local, as pessoas, o turismo e os locais de voo.







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